29 junho 2012

Alma gêmea



Quantas vezes tentei achar
palavras para expressar
ou de alguma forma traduzir
tudo o que sinto por ti

Esse sentimento que vem
do fundo do meu ser
tão fundo que às vezes penso
que nunca o poderei entender

Essa paz de saber-te ao meu lado
a alegria de dançar no mesmo congado
essa grande e infinita beleza
de contar com a certeza
de poder sonhar a dois
de construir o agora e o depois
com alguém tão doce
e ao mesmo tempo forte
tão sábio, carinhoso e nobre
que me faz rir, chorar e sentir
e me faz dar o melhor de mim

Há tantos versos já
e muitos outros haverá
na alegria e na tristeza
na saúde e na doença
na riqueza e na pobreza
o meu desejo é estar contigo
pois és o meu melhor amigo
o meu amante, o meu abrigo
o futuro pai de meus filhos

És, enfim, tudo o que não sou
és também, o melhor de mim
e é por isso que afirmo hoje sem pena
Bruno, tu és minha alma gêmea!

TE AMO!

17 dezembro 2010

À amiga Grazi





Nos ecos de tua risada
A alegria é amplificada
No conforto do teu abraço
A amizade vira um laço
Na tua generosidade
O amor é simplicidade
Na delicadeza de teu agir
És menina a sorrir
Com a ingénua sabedoria
De quem nem desconfia
Ser a doce criança
Que nos encanta e dança
Rodopiando nosso viver
AGraziando-nos de prazer!



Presente de aniversário



What Is a Bela?

Iza, bela
A rosa como ela
Perfuma paixão
O fogo de seu coração
Brilha em seu olhar
Preenche de calor o ar
E no seu riso aberto
O paraíso fica perto.

Mas toda essa beleza
Não é pura delicadeza
Pois a moça sabe ser
Osso duro de roer
Com unhas e dentes
Encara de frente
O que atravancar
O seu caminhar.

Parece que em si
Consegue reunir
O feliz encontro
Daquele conto
Em que a donzela
Se une a fera.

Essa é Izabela!

Parabéns pelas 30 primaveras!!

22 novembro 2010

Chove fora e dentro aflora




Lá fora cai o céu

Aqui dentro uma vontade
De cantar o belo
Apesar da tempestade


Longas horas trancada
Entre quatro paredes
Minha visão quadrada
Minha alma tem sede


Inspiração no tédio
Tentar modificar
Esse mundo tão médio
Nalgo que possa tocar


Sempre da dor extraí
Minhas rimas magoadas
Agora tento traduzir
As palavras do nada


Será que o dia
Atrás das nuvens a se por
Aos versos emprestaria
Algum raio de cor?


A rotina que pensa
Pesa na balança
Mas o suspiro que vença
Emoções na liderança!

16 agosto 2010

AMOR É TERNO


Bianca, amo-te tanto
Que não saberia dizer
Minha irmã querida,
Segue agora teu viver
Onde quer que vás,
Estaremos sempre contigo
Genebra, China,
Tempos novos, mundo antigo

Rafael, esse menino de ouro
Ser encantador
Que Deus pôs em tua vida
Para dividires com ele teu amor
Dará cada passo contigo
Nesse belo caminho
Que será repleto de paz
Muita luz e carinho

Meu voto é de que esse sentimento mágico
Daqui para a frente
Seja renovado a cada dia
Para que dure eternamente.

30 julho 2010

Momento deprê



O vazio pode formar bolhas?

Deve poder.
Bolhas que incham
lá dentro do peito
parecendo uma vontade
de algo
que não sei o que é

vontade de rir
vontade de chorar
vontade de ir
vontade de voltar
vontade de sumir
vontade de gritar
vontade de voar
mergulhar no mar

mas faz falta o ar

nessas bolhas de nada
que nada parece preencher

nem o doce
nem o amargo
nem o moço
nem o cigarro

Ligo a tevê
para não pensar
Queria te ver
mas não sei o que falar
Sinto saudades
de um pedaço de mim
que deixou em seu lugar
esse oco
que vai crescendo
aos poucos
até me sufocar.

29 julho 2010

Minha terra



Um dia me foi falado

Que nas toruosidades do cerrado
Surgiram curvas e retas
De natureza arquiteta.

De todos os cantos vieram
Para ver esse esmero
E povoar de vida
A cidade construída.

Da vermelha e seca poeira
Enevoou-se a Catedral e o Beira
Pelas longas chuvas de verão
Embebeu-se das misturas dessa nação.

Fizeram-se em rock, catira e choro
Seus versos de quadras sem esquinas
Construiu-se com trabalho, suor e decoro
Mas também com a suja propina.

E assim se criou poeta
A filha mais nova, a predileta
Brasília sob seu mar estrelado
Desenha cinquenta anos de traçado.

02 julho 2009

Mamãe eu quero!!


Quero uma grande paixão
Que não seja só ilusão
Quero um amor de verdade
Quero uma cara metade
Quero me dar sem limite
E receber até ficar quite
Quero enlouquecer
Parar de comer
Quero estar na lua
No sol e na rua
Quero arder por dentro
E perder meu centro
Quero fazer loucuras
De adrenalina pura
Quero me derreter
De gozo e prazer
Quero em resumo amar
Sem nada questionar
Meu grande dilema
É saber
Se só existe no cinema
Esse querer
Ou se esse poema
Posso viver.

01 julho 2009

Pegando impulso


Recuar,
para melhor saltar.
Às vezes, perder
para poder ganhar.
Ter que ir,
quando se quer ficar
Sorrir,
quando a alma quer chorar.
Ter que negar
Parte do que se quer dar
Para que possa sobrar
Mais para partilhar.
Mesmo que o coração me doa
Por ter que ceifar
A galha que apesar de boa
Errou seu traçar,
Preciso vencer
Essa impressão
De perda, de vão
E me convencer
Que assim será melhor
Que após a poda
A árvore rebrota
Com folhagem maior.
Assim, apelo à consciência
Do meu ser racional
Para que me convença
Que esse ato artificial
Trará prosperidade
Para além dessa saudade
Pois apesar da ‘face de mogno’
Nesses dias de relento
Quando digo que não quero
É aí que estou querendo.

Flor essência


O que mais poderia esperar
Dessa flor que brotou devagar
Foi surgindo sem pressa
Perfurando a terra espessa
Da incredulidade e do medo
Nasceu o carinho e o apego
E mesmo em se firmando
Folhas e espinhos despontando
Não perdeu sua graciosidade
A sutileza inata de sua personalidade
A fluidez do querer com compreensão
Prática de paciência, sem sermão
Apenas às vezes alguns ajustes
Para aparar arestas e atitudes
E esse sopro leve, essa marola
Que vem enchendo minha bola
Ainda há de preencher
Com muitos prazeres o meu ser
Há muitos versos já
E muitos ainda haverá
Se a fonte dessa canção
Continuar jorrando inspiração.

20 março 2009

Poeminha em mim



Não quero só usar-te poesia
Para consolar meu interior
Quero viver-te por inteira
Quero me expor
Quero cantar o que me move
Quero versar todo o vivido
Se bater mal tomo um engov
Se cair bem terei vencido
Essa batalha recorrente
Entre o que se diz e o que se sente.

Numa mesa, mas não na mesma.



Foi assim
que tudo começou.
Eu, um café, um cigarro
e as cinzas
levadas pelo vento
como meus pensamentos
deixando no papel
um rastro de dor.

Hoje, a cor mudou
e as palavras
multiplicadas
de mil matizes
tingem meus versos
e meu universo.
Do azul do dia a se pôr
trago com a fumaça
a luz do dia que brilhou
e traço em minhas pautas
a história do que sou
pintando com poesia
o raiar do novo dia
que espelha no futuro
a silhueta do passado
mais maduro.

18 dezembro 2008

Claude Monet


Sinto tua presença em mim
Teu cheiro ficou em meu jardim
Lembrança doce quando recente
Mas o tempo passando sente
O desvanecer desse querer
Como algo tão intenso
Pode sem referência se perder
Nesse vazio tão imenso
Da distância entre nós
Porém cada vez menor
Sinto em tua voz
um tom maior
Que ecoa em meu interior
E reverbera amplificando
Com todo o sabor
De um novo amor

.

Quero
Estar em teus braços
Entre tuas pernas
Dentro de ti
Dentro de mim
Simplesmente quero
E espero
Que seja assim
Também pra ti.
.

Todo dia
Tenho medo
De te querer todo dia
E acabar sozinha
Por ironia
Ou em todo dia
Te tendo
Tenho medo
De acabar sozinha
Em tua companhia

08 dezembro 2008




Mãe,


Teu ventre emprestastes-me
Para que eu nascesse
A luz destes-me
Por tantas vezes
Para que no escuro eu enxergasse.
E também a sombra proporcionastes
Para que eu não me queimasse


Da tua imensa força
Fizestes brotar a minha
E sempre que me falha
Nos teus braços me aninhas

A ti quero dedicar
Todas as minhas conquistas
Porque do que vim a me tornar
Tu foste a artista

Jamais em minha vida
Conseguirei retribuir
O que desde a partida
Não te negastes a dividir

Por favor, nunca duvides
Que és a melhor mãe que há
E se tu não existisses
Eu mandava te inventar

Além de mãe, és amiga
És fantástica mulher
Por ti eu compro briga
Encaro o que vier

Gostaria de poder parir
Por esses modestos versos
O amor que tenho por ti
Que é maior que o universo.

Mas na incapacidade
Desse ato herculano
Encerro com a simples verdade:
TE AMO!

.

02 dezembro 2008

Na poesia

Nas prosas da vida
Há muitas feridas
Nos poemas da mente
Há várias sementes
Que brotam do sofrido
Em palavras de alívio.
Mas nas prosas da vida
Também há margaridas
Que iluminam, tal girassóis
Os enredos de nós
Que atam o pensar.
Para simplificar,
A poesia
Num sopro de magia
Faz rimar tristeza com alegria
E prazer com melancolia.
.

29 novembro 2008

Reticências

Deixe disso!
Não foi assim
Que ele disse
Isso pra mim.
Compromisso?
Não tô afim.
Foi, no fim,
O que entendi
Porque preciso
De tempo pra mim.
Mas falou
E ficou carmim
Enfim...
O que eu penso?
Ficou suspenso
...
Tolice

Conscientemente
Tento ser coerente
Mas, realmente
Mente
Quem nunca foi divergente
Nem que seja
Inocentemente
Ou ora veja
Sinceramente
Quem jamais se contradisse?
Tolice!
Dommage

Dis, on avait quel âge?
On était que des petits sauvages...
Mais, au fait, non. On était plutôt sages.
De toute façon, dans ma tête, ce ne sont plus que des images.
Quand tout à coup, mirage !
Te re-voilá dans les parages !
Tu me parles de tes voyages
Tu m’expliques « visage »
Quelques mémoires on partage.
Mais après ? Tu tournes la page ?
Dommage !
Uma boa surpresa

Você realmente tem o dom de saltar
Saltar do passado para o presente
(Ou deveria dizer de presente?)
Saltar fora dos meus dias
Não respondendo as minhas linhas
Mas depois de algumas palavras rimadas
Retornar com todo impulso
Espontâneo com um soluço
Me dizendo que quer voar
Talvez eu possa te ajudar
Não posso jurar
Eu mal te re-conheço
Mas posso te oferecer um começo
Te dar a mão nesse caminho
Trilha de amizade e carinho
Em direção às sonhadas nuvens
Se me disseres que vens
Saltaremos sem véus
Em direção aos céus.
Passando a bola
Palavras bem ditas
São muito bonitas
Mas palavras tardias
Podem soar vazias

Você glorifica a intensidade
Mas demora uma eternidade
Diz ter aberto o coração
Mas não transforma em ação

Eu deveria me conter
Mas vou ter que dizer
Q ue essa falta de tempo
Tá me parecendo medo

Desculpe a sinceridade
Não é por maldade
Mas acredito no que sinto
Confio no meu instinto

Você é inteligente
Sabe que há entre a gente
Uma grande sintonia
Ignorá-la seria covardia

Se a chama tá queimando
Deixa ela arder
Esquece o bom senso
Deixa transparecer

E se eu tô viajando
Não tem problema
Pelo menos entretanto
Tenho mais um poema

Não tenho muito a perder
Não me importa tentar
Agora você é quem vai dizer
Se tenho algo a ganhar

Demore o tempo que for
Uma semana, um mês
Mas arrisque se expor
Mergulhe de vez

Responda sem desviar
Sem medo de ser feliz
Porque o que você insiste em calar
Pode falar mais do que o que você diz

Além do gosto por versos
Será que há algo mais
No intimo universo
Desse rapaz tão fugaz ?

Será que esse desejo
Que insito em sentir
De um abraço, de um beijo
Não tem razão de existir ?

Te peço a verdade
Não esconda ela de mim
Se só queres amizade
Não há de ser o fim

Eu sou uma garota crescida
E bastante destemida
Não vai ser essa ferida
Que acabará com minha vida

Mas o que eu não quero
E ficar pra sempre nesse lero
Tenho o mundo pela frente
Então se queres, tentes !
.
Brise passagère


Une brise passagère
Qui a souflé légère
M’a carressé les épaules
M’a donné la chère-de-poule
Sa fraicheur a un peu soulagé
La chaleur de mes pensées
Le soleil encore brillait, mais
Son haleine humide prénonçait
Le retour des pluies d’été
Goutes bénies pour aporter
Plus de vie au sol desséché
Plein de graines prêtes à pousser.

Mais l’eau n’est pas tombée
Et le ciel s’est chargé
La tension était palpable
Et je n’est pas été capable
De la suporter:
J’ai explosé
J’ai dechargé mes éclairs
J’ai voulu la guerre.

Mais après la tempête
Comme disent les poètes
Vient toujours le beau temps
Les oiseaux reprennent leur chant
Les esprits sont plus calmes
Néanmoins, je continue seule
La brise n’a plus souflé.
Au moins pas par ces côtés.
Caro P.A.

Desculpe se mais uma vez
Apelo à insensatez
E sacio minha necessidade
De tentar dizer minha verdade
Sim, eu dependo da palavra
Sem ela tudo meu se agrava
Já entendi que não é hora
Mas quem não mama também não chora
Apesar daqueles intensos momentos
Onde se congelam tempo e pensamentos
Já percebi que vivemos nos despedindo
Muito mais que nos despindo
Entendo que se o amor é fraterno
Sobreviverá ao inverno
E na primavera brotará
Cheirando a flor de jacarandá
Se um dia tiver que ser será
E até lá, quem viver verá!
Tá comigo?
Amigo?
Caindo na real


De repente tudo se concretizou
E como bloco de cimento
Abalou meu sentimento

O que era leveza virou pesar
Como fui tola em não querer enxergar

Insistindo no instinto
Não pensei nas conseqüências
Dizem que tem a ver com Marte e sua regência

A guerra nunca é um caminho fácil
E mesmo conseguindo o que queria
Não estou radiante de alegria

Ter que passar por cima de pessoas queridas
Também me deixa sentida

É uma luta sem trelas
Entre o desejo e as mazelas
Que eu sei que ocasionei

Queria que as coisas fossem simples
Que os empecilhos não existissem

Queria tanto e com tanta força
Que cheguei a acreditar
Mas quando por obrigação
Tive que aterrissar
Pôs-se outra questão

Como isso tudo vai acabar?
No que devo acreditar?
Por que causa devo lutar?

Será que quero levar adiante
Continuar com essa caminhada estrondeante
Ou simplesmente desistir
E como o marinheiro partir
Até as águas se acalmarem
Até os dias clarearem

Não é a batalha que me assusta
É não saber se a causa é justa

É um confronto de valores
Entre amizades e amores

Aquilo que se quebra
É maior do que o que se cria?

Egoísmo ou covardia?
Juro queria saber
Mas por enquanto a única certeza
É uma áurea de tristeza
E uma tremenda agonia.



Elementos.

Tá legal, vou tentar
Parar de sonhar
Apesar de eu ser de ar

Tá bom, vou ceder
Não quero guerra
Apesar de minha lua em terra

Tá certo, vou me conter
e entrar no teu jogo
Apesar do ascendente fogo

Tá beleza, vou esfriar
Não quero mágoa
Mas peraí, não é você que é de água?
.
Falhas na conexão

Vem! Porque você não vem?
Vem preencher minhas noites vazias
Acaba com essa agonia!
To achando que isso é covardia!

Vem! Porque você não vem?
Vem me beijar, me deitar, me amar
Eu já tô para estourar!
Assim acho que não vou agüentar!

Vem! Porque você não vem?
É medo de assumir?
É medo de sofrer?
É medo de se entregar?

Certo. A situação é complexa.
As vezes também acho sem nexo.
Apesar de eu adorar o sexo.
Mas eu prefiro me agarrar às ilusões
E sonhar que pode funcionar.

Pelo visto, você não.
E eu tento em vão.
Mas você prefere os dilemas
Se aferra aos problemas
E sem saber me expulsas
Se atendo às desculpas.
Sinceridade?

Dizer, falar, saber
Sim, dizem que ajuda
Mas, e no fim
Se a conversa é sincera mesmo
A gente não acaba sempre chegando
A lugar nenhum?
Apenas constatando
A realidade
Que tão prontamente
Conseguimos decifrar?
Só que da mesma forma,
Ou de qualquer forma,
Em algum momento,
Acho que temos que optar.
Por mais que eu acredite
Nas oportunidades da vida
Acredito também no livre arbítrio
E, que, o simples fato
De se deixar levar
Já é em si uma opção.
Meio pragmático talvez?
O que se há de fazer?
No fim das contas
Acho que pensar só ajuda pra
Esclarecer
Mas nunca pra resolver.
No frigir dos ovos
só mesmo quem resolve
é a voz do coração.
Nossa! Agora ficou foi brega!
Arre égua!
In-piração
Inspiração
De uma noite de verão
Pode render versos
Nos processos
De
ti
!
Paciência
Ah! Paciência!
Dura ciência.
Respiro fundo
E deixo ao mundo
Que corra em seu ritmo
Mas de repente sinto
E vejo
Percebo
Que quero muito
E já!

De novo solto o ar...

Será? Será?
Que tenho mesmo que esperar
Que eu não posso
De algum jeito
Dar um empurrãozinho...inho...inho
para ter mais depressa o teu carinho.
Porque não temos pudor?
O impulso reprimido
Aquece meu sexo
A imaginação transgride
As fronteiras da razão
E naquele sórdido colchão
Meu corpo se arrepia
De vontade e tesão.
O álcool em meu sangue
Transpira em prazer
E sem censura passo
Do pensar ao fazer.
A pegada forte
Começa em doce aconchego
Que teus beijos transformam
em pulsação e desejo.
Te sinto em meu ser
Teu membro duro e latejante
Atiça carne e querer.
Enquanto gozo nosso pecado
Atinjo a redenção
De saber que mesmo no errado
Há na pureza um perdão
O segredo que nos une
É o mesmo que nos afasta
Silencioso entendimento
De nossas escapadas.
Difícil é compreender
Onde começa e onde acaba
Saber dosar os ingredientes
De nossa história desajeitada.


Poema de uma nota só

No desejo te capturo
O carinho de um beijo
No calor de teu abraço
Te querendo eu te afasto

Emoções que se confundem
Como ondas vão e vem
Jorrando sua espuma
E tremendo prazer

Sons tão dissonantes
Num só acorde musical
Será loucura ou burrice
De uma ingênua imoral

Sem saber bem por que
Continuo a bater
Sempre na mesma tecla
Sempre no mesmo ritmo
Talvez na esperança de que
um dia
Dessa insistente melodia
Possa surgir
Um samba-amor de uma nota só
Bom tempo
O tempo bom
Pode ser chuvoso
Um sereno preguiçoso
Criação de tempo ocioso
Para quem sabe apreciar
O inevitável despertar
De uma linda manhã
Sentir o aroma verde
De um chá de hortelã
Para quem não perde
O prazer de um beijo
Numa divagação sem fim
Pra quem não pergunta
Onde vai o desejo
Não há tempo ruim.


Tem pô!
O tempo
Desde o passado
Sempre presente
Torna-se futuro
Num sussurro
Tempo
O tempo veio
Meteu-se no meio
E soube dissipar
A impaciência do esperar
Como o tempo não pára
Não é coisa rara
Que o tempo sofrido
Seja regressivo
Se não há hora pra chegar
Não há como atrasar
Ao som de uma serenata
Qualquer demora é sensata
O tempo chuvoso
Pode ser bom
Afinal o tempo ocioso
Também é um dom
O tempo do processo
Fortalece o egresso
Depois da pedra inaugural
Qualquer jornada é completa
Pois o ponto final
Vai depender do poeta
Afinal o tempo
É apenas um ponto de vista
Do relógio
Ou do artista.

Gotas no sertão


A chuva quando pinga
Em chão ressecado
Encontra o solo compactado
Demora pra infiltrar
É necessária muita chuva
Até penetrar a terra dura
E o grão germinar
Para nova vida brotar
Acabando com a secura
Que desde sempre perdura

Do mesmo

O afeto quando chega
Em coração desacostumado
Encontra um peito blindado
Difícil de adentrar
É necessária muita dança
Até quebrar a desconfiança
E o vão dissipar
Para novo amor brilhar
Acabando com a amargura
Que ficou de outra aventura

Mas já diz o ditado
Muito bem pensado
Água mole em pedra dura
Tanto bate até que fura!

28 novembro 2008

Sabedoria
Porque nem tudo é prazer
Também nem tudo é sofrer.

Sábio aquele que sabe esperar
O momento chegar

Que sabe viver sem distinção
As jóias e mágoas do coração

Que sabe tirar de cada coisa
A beleza do viver
Do sentir
Do perder
Porque cada momento é único em sua grandeza
E simples
Como a paz.
Exalando Divagação
O suspiro
Quieto em mim
Viro respiro
Leve
Longe
Como o vento
Gira
Rolinha
Revira volta
Voa
Aninha
Põe e choca
A cria
Acorda
Grita
Brota
Jorra
E desentoca
De repente
A porta
E troca
O barquinho
De mansinho
Traz de novo
consigo
comprido

O suspiro.
Mulheres
Mulheres
Tradução da vida
Em todas suas facetas
São perfeitas
A mãe guerreira
A doce beijoqueira
A menina mulher
Aquela que com jeitinho
Sempre abre o caminho
Aquela que com determinação
De tudo abre mão
Aquela que nutre
Que cumpre
Sem luta
Aquela que se dobra
A outra que se cobra
Aquela que resiste
A que persiste
A que agüenta
A que sustenta
A que fere
Confere
A que cura
Magia pura
A que ama
A que desmama
Aquela que diz
A aprendiz
A que cala
Aquela meio mala
Aquela que pensa
A que compensa
Aquela que foge
Aquela que explode
A feminina
Madura menina
De todas as cores
De todo tamanho
Feia, bonita
Pobre, rica
Executiva, artista
Dona de casa, frentista
A esposa cheirosa
A trabalhadora orgulhosa
Tantas figuras
Tantas histórias
De dor e de glória
Não é sexo frágil
e sim sexo ágil
Que me desculpe o poeta
Que com seu machismo objeta
Não há tristeza
Em se saber mulher
Apenas beleza
No saber como é
Vamos botar água no feijão?
Desculpe as minhas maneiras
Sou meio gata borralheira
Mas sei me dar por inteira
Desde que eu queira.

Você já viu que eu danço
E se eu quiser avanço
Mas desse meu balanço
As vezes também me canso.

Pandeiro, surdo e tamborim
Falam alto em mim
Mas posso ficar afim
De passear em outro jardim.

Cheirar o som das flores
Inspirar o olor de amores
Mas se tu fores
Venha com cores.

Porque a vida em preto e branco
Eu não curto tanto
Gosto mesmo é de brincar
Nem que seja sem rimar.

É, meu bem, ainda há muito jogo
Dá até para cansar
Mas se você tiver fogo
A gente faz continuar.
Palavras Escritas

Palavras escritas reconfortam
Coloca seu ritmo pra iniciar
Não precisa acelerar
Dá pra se respeitar
Qualquer coisa é só rasgar
E recomeçar
E a cada tropeçar
Haverá
Quem te socorrerá
Pode contar
É somente acreditar
Se deixa levar
Quando menos esperar
Será que nem amar
Ou sonhar
Tudo fluirá
Sem nenhum pesar
Aí não vai mais dar
Para voltar
Começou a soltar
Tem que continuar
Palavras escritas reconfortam
Segue o ritmo delas para estender
Não precisa conter
Dá pra se manter
Qualquer coisa é só retroceder
E reviver
Que a cada alvorecer
Há de ter
Alguém para te receber
Pode crer
É somente conceber
Se deixa envolver
Quando menos perceber
Será que nem querer
Ou viver
Tudo vai florescer
Sem nenhum sofrer
Aí não vai poder
Deter
Começou a escrever
Tem que desenvolver
Palavras escritas reconfortam
O seu ritmo e o delas acabam por se fundir
Não precisa fugir
Dá pra se partir
Qualquer coisa é só intervir
E reproduzir
Que a cada parir
Há de vir
Alguém pra te sorrir
Pode insistir
É somente seguir
Se deixa iludir
Quando menos intuir
Será que nem sentir
Ou existir
Tudo vai fluir
Sem nenhum ruir
Aí não vai conseguir
diminuir
Começou a ir
Tem que evoluir
Palavras escritas reconfortam
Para soltar
Para crescer
Para concluir
Palavras e Silêncios
Palavras procuram dizer
O que os silêncios acham esconder
Palavras podem rimar
Silêncios tem que imaginar
Palavras querem esclarecer
Mas tendem a confundir
Silêncios deixam por dizer
Não dá para concluir
Palavra demais embola
Silêncio demais isola
É tudo uma questão
De saber dosar
A palavra e o silêncio
Tem que saber usar
Com moderação
.
Sou quem Sou?

Sou a contradição que me define e a indefinição dos meus limites.
Sou o impulso pensado e o pensamento impulsivo.
Sou a solidão que me acompanha.
Sou minha melhor companhia.
Sou o silêncio pleno e as palavras vazias.
Sou a doçura à flor da pele e a flor que fere.
Sou a cândida verdade da sinceridade cruel.
Sou o coração que pensa e a mente que sente.
Sou a dor que me engrandece e a alegria que me perde.
Sou as respostas que busco e as perguntas que encontro.
Sou os amores que almejo e os sonhos que conquisto.
Sou porque existo
E insisto
Nisso

19 novembro 2008

Quem?
Se queres saber quem eu sou
Primeiro me diga você
Se há alguém nesse mundo
Que te saiba responder.

Como passarinho que voa
Um dia também pousarei
Difícil é achar a flor certa
E ter certeza que a encontrei

O movimento é constante
Assim como a estagnação
Em fases vou vivendo
Alternando a emoção.

O sorriso e o chorar
Melancolia e o amar
O doce e o salgado
O sol e o luar.

A inconstância talvez seja
Em mim característica
Mas uma coisa que eu não gosto
É caber nas estatísticas.