29 novembro 2008

Reticências

Deixe disso!
Não foi assim
Que ele disse
Isso pra mim.
Compromisso?
Não tô afim.
Foi, no fim,
O que entendi
Porque preciso
De tempo pra mim.
Mas falou
E ficou carmim
Enfim...
O que eu penso?
Ficou suspenso
...
Tolice

Conscientemente
Tento ser coerente
Mas, realmente
Mente
Quem nunca foi divergente
Nem que seja
Inocentemente
Ou ora veja
Sinceramente
Quem jamais se contradisse?
Tolice!
Dommage

Dis, on avait quel âge?
On était que des petits sauvages...
Mais, au fait, non. On était plutôt sages.
De toute façon, dans ma tête, ce ne sont plus que des images.
Quand tout à coup, mirage !
Te re-voilá dans les parages !
Tu me parles de tes voyages
Tu m’expliques « visage »
Quelques mémoires on partage.
Mais après ? Tu tournes la page ?
Dommage !
Uma boa surpresa

Você realmente tem o dom de saltar
Saltar do passado para o presente
(Ou deveria dizer de presente?)
Saltar fora dos meus dias
Não respondendo as minhas linhas
Mas depois de algumas palavras rimadas
Retornar com todo impulso
Espontâneo com um soluço
Me dizendo que quer voar
Talvez eu possa te ajudar
Não posso jurar
Eu mal te re-conheço
Mas posso te oferecer um começo
Te dar a mão nesse caminho
Trilha de amizade e carinho
Em direção às sonhadas nuvens
Se me disseres que vens
Saltaremos sem véus
Em direção aos céus.
Passando a bola
Palavras bem ditas
São muito bonitas
Mas palavras tardias
Podem soar vazias

Você glorifica a intensidade
Mas demora uma eternidade
Diz ter aberto o coração
Mas não transforma em ação

Eu deveria me conter
Mas vou ter que dizer
Q ue essa falta de tempo
Tá me parecendo medo

Desculpe a sinceridade
Não é por maldade
Mas acredito no que sinto
Confio no meu instinto

Você é inteligente
Sabe que há entre a gente
Uma grande sintonia
Ignorá-la seria covardia

Se a chama tá queimando
Deixa ela arder
Esquece o bom senso
Deixa transparecer

E se eu tô viajando
Não tem problema
Pelo menos entretanto
Tenho mais um poema

Não tenho muito a perder
Não me importa tentar
Agora você é quem vai dizer
Se tenho algo a ganhar

Demore o tempo que for
Uma semana, um mês
Mas arrisque se expor
Mergulhe de vez

Responda sem desviar
Sem medo de ser feliz
Porque o que você insiste em calar
Pode falar mais do que o que você diz

Além do gosto por versos
Será que há algo mais
No intimo universo
Desse rapaz tão fugaz ?

Será que esse desejo
Que insito em sentir
De um abraço, de um beijo
Não tem razão de existir ?

Te peço a verdade
Não esconda ela de mim
Se só queres amizade
Não há de ser o fim

Eu sou uma garota crescida
E bastante destemida
Não vai ser essa ferida
Que acabará com minha vida

Mas o que eu não quero
E ficar pra sempre nesse lero
Tenho o mundo pela frente
Então se queres, tentes !
.
Brise passagère


Une brise passagère
Qui a souflé légère
M’a carressé les épaules
M’a donné la chère-de-poule
Sa fraicheur a un peu soulagé
La chaleur de mes pensées
Le soleil encore brillait, mais
Son haleine humide prénonçait
Le retour des pluies d’été
Goutes bénies pour aporter
Plus de vie au sol desséché
Plein de graines prêtes à pousser.

Mais l’eau n’est pas tombée
Et le ciel s’est chargé
La tension était palpable
Et je n’est pas été capable
De la suporter:
J’ai explosé
J’ai dechargé mes éclairs
J’ai voulu la guerre.

Mais après la tempête
Comme disent les poètes
Vient toujours le beau temps
Les oiseaux reprennent leur chant
Les esprits sont plus calmes
Néanmoins, je continue seule
La brise n’a plus souflé.
Au moins pas par ces côtés.
Caro P.A.

Desculpe se mais uma vez
Apelo à insensatez
E sacio minha necessidade
De tentar dizer minha verdade
Sim, eu dependo da palavra
Sem ela tudo meu se agrava
Já entendi que não é hora
Mas quem não mama também não chora
Apesar daqueles intensos momentos
Onde se congelam tempo e pensamentos
Já percebi que vivemos nos despedindo
Muito mais que nos despindo
Entendo que se o amor é fraterno
Sobreviverá ao inverno
E na primavera brotará
Cheirando a flor de jacarandá
Se um dia tiver que ser será
E até lá, quem viver verá!
Tá comigo?
Amigo?
Caindo na real


De repente tudo se concretizou
E como bloco de cimento
Abalou meu sentimento

O que era leveza virou pesar
Como fui tola em não querer enxergar

Insistindo no instinto
Não pensei nas conseqüências
Dizem que tem a ver com Marte e sua regência

A guerra nunca é um caminho fácil
E mesmo conseguindo o que queria
Não estou radiante de alegria

Ter que passar por cima de pessoas queridas
Também me deixa sentida

É uma luta sem trelas
Entre o desejo e as mazelas
Que eu sei que ocasionei

Queria que as coisas fossem simples
Que os empecilhos não existissem

Queria tanto e com tanta força
Que cheguei a acreditar
Mas quando por obrigação
Tive que aterrissar
Pôs-se outra questão

Como isso tudo vai acabar?
No que devo acreditar?
Por que causa devo lutar?

Será que quero levar adiante
Continuar com essa caminhada estrondeante
Ou simplesmente desistir
E como o marinheiro partir
Até as águas se acalmarem
Até os dias clarearem

Não é a batalha que me assusta
É não saber se a causa é justa

É um confronto de valores
Entre amizades e amores

Aquilo que se quebra
É maior do que o que se cria?

Egoísmo ou covardia?
Juro queria saber
Mas por enquanto a única certeza
É uma áurea de tristeza
E uma tremenda agonia.



Elementos.

Tá legal, vou tentar
Parar de sonhar
Apesar de eu ser de ar

Tá bom, vou ceder
Não quero guerra
Apesar de minha lua em terra

Tá certo, vou me conter
e entrar no teu jogo
Apesar do ascendente fogo

Tá beleza, vou esfriar
Não quero mágoa
Mas peraí, não é você que é de água?
.
Falhas na conexão

Vem! Porque você não vem?
Vem preencher minhas noites vazias
Acaba com essa agonia!
To achando que isso é covardia!

Vem! Porque você não vem?
Vem me beijar, me deitar, me amar
Eu já tô para estourar!
Assim acho que não vou agüentar!

Vem! Porque você não vem?
É medo de assumir?
É medo de sofrer?
É medo de se entregar?

Certo. A situação é complexa.
As vezes também acho sem nexo.
Apesar de eu adorar o sexo.
Mas eu prefiro me agarrar às ilusões
E sonhar que pode funcionar.

Pelo visto, você não.
E eu tento em vão.
Mas você prefere os dilemas
Se aferra aos problemas
E sem saber me expulsas
Se atendo às desculpas.
Sinceridade?

Dizer, falar, saber
Sim, dizem que ajuda
Mas, e no fim
Se a conversa é sincera mesmo
A gente não acaba sempre chegando
A lugar nenhum?
Apenas constatando
A realidade
Que tão prontamente
Conseguimos decifrar?
Só que da mesma forma,
Ou de qualquer forma,
Em algum momento,
Acho que temos que optar.
Por mais que eu acredite
Nas oportunidades da vida
Acredito também no livre arbítrio
E, que, o simples fato
De se deixar levar
Já é em si uma opção.
Meio pragmático talvez?
O que se há de fazer?
No fim das contas
Acho que pensar só ajuda pra
Esclarecer
Mas nunca pra resolver.
No frigir dos ovos
só mesmo quem resolve
é a voz do coração.
Nossa! Agora ficou foi brega!
Arre égua!
In-piração
Inspiração
De uma noite de verão
Pode render versos
Nos processos
De
ti
!
Paciência
Ah! Paciência!
Dura ciência.
Respiro fundo
E deixo ao mundo
Que corra em seu ritmo
Mas de repente sinto
E vejo
Percebo
Que quero muito
E já!

De novo solto o ar...

Será? Será?
Que tenho mesmo que esperar
Que eu não posso
De algum jeito
Dar um empurrãozinho...inho...inho
para ter mais depressa o teu carinho.
Porque não temos pudor?
O impulso reprimido
Aquece meu sexo
A imaginação transgride
As fronteiras da razão
E naquele sórdido colchão
Meu corpo se arrepia
De vontade e tesão.
O álcool em meu sangue
Transpira em prazer
E sem censura passo
Do pensar ao fazer.
A pegada forte
Começa em doce aconchego
Que teus beijos transformam
em pulsação e desejo.
Te sinto em meu ser
Teu membro duro e latejante
Atiça carne e querer.
Enquanto gozo nosso pecado
Atinjo a redenção
De saber que mesmo no errado
Há na pureza um perdão
O segredo que nos une
É o mesmo que nos afasta
Silencioso entendimento
De nossas escapadas.
Difícil é compreender
Onde começa e onde acaba
Saber dosar os ingredientes
De nossa história desajeitada.


Poema de uma nota só

No desejo te capturo
O carinho de um beijo
No calor de teu abraço
Te querendo eu te afasto

Emoções que se confundem
Como ondas vão e vem
Jorrando sua espuma
E tremendo prazer

Sons tão dissonantes
Num só acorde musical
Será loucura ou burrice
De uma ingênua imoral

Sem saber bem por que
Continuo a bater
Sempre na mesma tecla
Sempre no mesmo ritmo
Talvez na esperança de que
um dia
Dessa insistente melodia
Possa surgir
Um samba-amor de uma nota só
Bom tempo
O tempo bom
Pode ser chuvoso
Um sereno preguiçoso
Criação de tempo ocioso
Para quem sabe apreciar
O inevitável despertar
De uma linda manhã
Sentir o aroma verde
De um chá de hortelã
Para quem não perde
O prazer de um beijo
Numa divagação sem fim
Pra quem não pergunta
Onde vai o desejo
Não há tempo ruim.


Tem pô!
O tempo
Desde o passado
Sempre presente
Torna-se futuro
Num sussurro
Tempo
O tempo veio
Meteu-se no meio
E soube dissipar
A impaciência do esperar
Como o tempo não pára
Não é coisa rara
Que o tempo sofrido
Seja regressivo
Se não há hora pra chegar
Não há como atrasar
Ao som de uma serenata
Qualquer demora é sensata
O tempo chuvoso
Pode ser bom
Afinal o tempo ocioso
Também é um dom
O tempo do processo
Fortalece o egresso
Depois da pedra inaugural
Qualquer jornada é completa
Pois o ponto final
Vai depender do poeta
Afinal o tempo
É apenas um ponto de vista
Do relógio
Ou do artista.

Gotas no sertão


A chuva quando pinga
Em chão ressecado
Encontra o solo compactado
Demora pra infiltrar
É necessária muita chuva
Até penetrar a terra dura
E o grão germinar
Para nova vida brotar
Acabando com a secura
Que desde sempre perdura

Do mesmo

O afeto quando chega
Em coração desacostumado
Encontra um peito blindado
Difícil de adentrar
É necessária muita dança
Até quebrar a desconfiança
E o vão dissipar
Para novo amor brilhar
Acabando com a amargura
Que ficou de outra aventura

Mas já diz o ditado
Muito bem pensado
Água mole em pedra dura
Tanto bate até que fura!

28 novembro 2008

Sabedoria
Porque nem tudo é prazer
Também nem tudo é sofrer.

Sábio aquele que sabe esperar
O momento chegar

Que sabe viver sem distinção
As jóias e mágoas do coração

Que sabe tirar de cada coisa
A beleza do viver
Do sentir
Do perder
Porque cada momento é único em sua grandeza
E simples
Como a paz.
Exalando Divagação
O suspiro
Quieto em mim
Viro respiro
Leve
Longe
Como o vento
Gira
Rolinha
Revira volta
Voa
Aninha
Põe e choca
A cria
Acorda
Grita
Brota
Jorra
E desentoca
De repente
A porta
E troca
O barquinho
De mansinho
Traz de novo
consigo
comprido

O suspiro.
Mulheres
Mulheres
Tradução da vida
Em todas suas facetas
São perfeitas
A mãe guerreira
A doce beijoqueira
A menina mulher
Aquela que com jeitinho
Sempre abre o caminho
Aquela que com determinação
De tudo abre mão
Aquela que nutre
Que cumpre
Sem luta
Aquela que se dobra
A outra que se cobra
Aquela que resiste
A que persiste
A que agüenta
A que sustenta
A que fere
Confere
A que cura
Magia pura
A que ama
A que desmama
Aquela que diz
A aprendiz
A que cala
Aquela meio mala
Aquela que pensa
A que compensa
Aquela que foge
Aquela que explode
A feminina
Madura menina
De todas as cores
De todo tamanho
Feia, bonita
Pobre, rica
Executiva, artista
Dona de casa, frentista
A esposa cheirosa
A trabalhadora orgulhosa
Tantas figuras
Tantas histórias
De dor e de glória
Não é sexo frágil
e sim sexo ágil
Que me desculpe o poeta
Que com seu machismo objeta
Não há tristeza
Em se saber mulher
Apenas beleza
No saber como é
Vamos botar água no feijão?
Desculpe as minhas maneiras
Sou meio gata borralheira
Mas sei me dar por inteira
Desde que eu queira.

Você já viu que eu danço
E se eu quiser avanço
Mas desse meu balanço
As vezes também me canso.

Pandeiro, surdo e tamborim
Falam alto em mim
Mas posso ficar afim
De passear em outro jardim.

Cheirar o som das flores
Inspirar o olor de amores
Mas se tu fores
Venha com cores.

Porque a vida em preto e branco
Eu não curto tanto
Gosto mesmo é de brincar
Nem que seja sem rimar.

É, meu bem, ainda há muito jogo
Dá até para cansar
Mas se você tiver fogo
A gente faz continuar.
Palavras Escritas

Palavras escritas reconfortam
Coloca seu ritmo pra iniciar
Não precisa acelerar
Dá pra se respeitar
Qualquer coisa é só rasgar
E recomeçar
E a cada tropeçar
Haverá
Quem te socorrerá
Pode contar
É somente acreditar
Se deixa levar
Quando menos esperar
Será que nem amar
Ou sonhar
Tudo fluirá
Sem nenhum pesar
Aí não vai mais dar
Para voltar
Começou a soltar
Tem que continuar
Palavras escritas reconfortam
Segue o ritmo delas para estender
Não precisa conter
Dá pra se manter
Qualquer coisa é só retroceder
E reviver
Que a cada alvorecer
Há de ter
Alguém para te receber
Pode crer
É somente conceber
Se deixa envolver
Quando menos perceber
Será que nem querer
Ou viver
Tudo vai florescer
Sem nenhum sofrer
Aí não vai poder
Deter
Começou a escrever
Tem que desenvolver
Palavras escritas reconfortam
O seu ritmo e o delas acabam por se fundir
Não precisa fugir
Dá pra se partir
Qualquer coisa é só intervir
E reproduzir
Que a cada parir
Há de vir
Alguém pra te sorrir
Pode insistir
É somente seguir
Se deixa iludir
Quando menos intuir
Será que nem sentir
Ou existir
Tudo vai fluir
Sem nenhum ruir
Aí não vai conseguir
diminuir
Começou a ir
Tem que evoluir
Palavras escritas reconfortam
Para soltar
Para crescer
Para concluir
Palavras e Silêncios
Palavras procuram dizer
O que os silêncios acham esconder
Palavras podem rimar
Silêncios tem que imaginar
Palavras querem esclarecer
Mas tendem a confundir
Silêncios deixam por dizer
Não dá para concluir
Palavra demais embola
Silêncio demais isola
É tudo uma questão
De saber dosar
A palavra e o silêncio
Tem que saber usar
Com moderação
.
Sou quem Sou?

Sou a contradição que me define e a indefinição dos meus limites.
Sou o impulso pensado e o pensamento impulsivo.
Sou a solidão que me acompanha.
Sou minha melhor companhia.
Sou o silêncio pleno e as palavras vazias.
Sou a doçura à flor da pele e a flor que fere.
Sou a cândida verdade da sinceridade cruel.
Sou o coração que pensa e a mente que sente.
Sou a dor que me engrandece e a alegria que me perde.
Sou as respostas que busco e as perguntas que encontro.
Sou os amores que almejo e os sonhos que conquisto.
Sou porque existo
E insisto
Nisso

19 novembro 2008

Quem?
Se queres saber quem eu sou
Primeiro me diga você
Se há alguém nesse mundo
Que te saiba responder.

Como passarinho que voa
Um dia também pousarei
Difícil é achar a flor certa
E ter certeza que a encontrei

O movimento é constante
Assim como a estagnação
Em fases vou vivendo
Alternando a emoção.

O sorriso e o chorar
Melancolia e o amar
O doce e o salgado
O sol e o luar.

A inconstância talvez seja
Em mim característica
Mas uma coisa que eu não gosto
É caber nas estatísticas.