30 julho 2010

Momento deprê



O vazio pode formar bolhas?

Deve poder.
Bolhas que incham
lá dentro do peito
parecendo uma vontade
de algo
que não sei o que é

vontade de rir
vontade de chorar
vontade de ir
vontade de voltar
vontade de sumir
vontade de gritar
vontade de voar
mergulhar no mar

mas faz falta o ar

nessas bolhas de nada
que nada parece preencher

nem o doce
nem o amargo
nem o moço
nem o cigarro

Ligo a tevê
para não pensar
Queria te ver
mas não sei o que falar
Sinto saudades
de um pedaço de mim
que deixou em seu lugar
esse oco
que vai crescendo
aos poucos
até me sufocar.

29 julho 2010

Minha terra



Um dia me foi falado

Que nas toruosidades do cerrado
Surgiram curvas e retas
De natureza arquiteta.

De todos os cantos vieram
Para ver esse esmero
E povoar de vida
A cidade construída.

Da vermelha e seca poeira
Enevoou-se a Catedral e o Beira
Pelas longas chuvas de verão
Embebeu-se das misturas dessa nação.

Fizeram-se em rock, catira e choro
Seus versos de quadras sem esquinas
Construiu-se com trabalho, suor e decoro
Mas também com a suja propina.

E assim se criou poeta
A filha mais nova, a predileta
Brasília sob seu mar estrelado
Desenha cinquenta anos de traçado.